quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Na manhã fria e deserta...

Acordo na manhã fria, levanto-me da cama tão cedo, tomo um banho bem quente, como se servisse de refugio ao frio matinal, visto-me bem agasalhada…
Pego no carro de rumo ao lugar solitário onde tenho de passar o meu dia todo… O caminho que percorro está cheio de carros, pessoas, adultas, crianças, idosas, todo o mundo, não sou única na estrada, está frio, muito frio até… Ligo o aquecedor do carro, ponho o rádio no melhor volume para não começar logo a soltar-se os pensamentos maus…
Chego ao meu lugar, levo a mala, abro a porta, está tanto frio… Entro, abro os estores e sento-me na mesa vermelha, com a cadeira vermelha de rodinhas…
Está tanto silêncio, que me causa solidão, e tristeza… Ligo o portátil e ponho uma música, para não sentir a tristeza do silêncio… Fico a olhar para as horas de minuto a minuto. Elas custam a passar, custa tanto, que começo a desesperar, olho para o calendário e vejo que ainda falta tanto para o fim do mês, tempo morto que teima em não passar…
Olho em redor, parece-me tudo tão vazio, tão incompleto, tantas cadeiras e nenhumas completas…
Agora olho lá para fora, ao meio da manhã, sinto o sol quentinho a entrar pelo vidro, sinto-o na minha cara, é tão quentinho… Sabe tão bem um quentinho do sol, mas segundos depois ele vai-se embora, o frio teima em ser o rei da terra.
Sinto vontade de me rir, mas não há como, não tenho como, é tudo tão “morto”, só existe natureza morta a rodear-me…
É tudo tão difícil de suportar… É tão escuro, tão triste, tão solitário, tão ameaçador…
Sinto que estou a cumprir um castigo pelo qual nada fiz…
A vida reserva-me as coisas piores que tem, o meu destino prega-me partidas, caiu sempre nas suas rasteiras…
Olho mais uma vez lá para fora e vejo a árvore a abanar como se estivesse a afirmar aquilo que digo… É tão pesado… tão escuro, se pudesse pintar este recanto pintava-o de preto, tal como pintaria a minha alma e a minha vida…

“Não gosto disto, não gosto de mim assim, não gosto, não gosto e não gosto… PORQUÊ?”